O uso de ecrãs nas crianças: riscos, impacto e como promover um uso saudável
- Mafalda Hormigo

- há 3 dias
- 2 min de leitura
Uso de ecrãs nos mais novos: desafios atuais
O uso excessivo das tecnologias por parte dos mais jovens é uma questão que me preocupa profundamente. Atualmente, o uso de ecrãs nas crianças tornou-se um fenómeno comum, mesmo em idades muito precoces, levando a interações pouco saudáveis com os dispositivos digitais à sua disposição.
É perturbador testemunhar crianças totalmente absorvidas pelos ecrãs, negligenciando relações interpessoais reais em prol das virtuais.

Impactos do uso de ecrãs nas crianças
Os efeitos adversos resultantes da utilização inadequada da tecnologia são numerosos e abrangem diversas áreas do desenvolvimento infantil. Entre os mais comuns incluem-se:
Redução da autoestima e das competências sociais
Dificuldades de aprendizagem e atraso na linguagem
Perturbações do sono devido à exposição prolongada à luz azul
Maior risco de obesidade, associado ao sedentarismo e aos hábitos de “snacking” durante o tempo de ecrã
Aumento de agressividade, irritabilidade e desatenção
Confusão com sintomas de PHDA, levando a diagnósticos imprecisos
A questão dos diagnósticos errados de PHDA
A exposição constante a estímulos digitais pode originar comportamentos semelhantes à impulsividade e à distração, o que dificulta a avaliação clínica. Por isso, é essencial que os profissionais de saúde considerem o contexto do uso de ecrãs nas crianças ao avaliar possíveis sintomas de PHDA.
Dados preocupantes em Portugal
Em Portugal, crianças entre 3 e 5 anos passam em média 154 minutos por dia em frente a ecrãs — um número que excede largamente as recomendações internacionais.
Embora pais e educadores manifestem preocupação, na prática é difícil alterar rotinas já dependentes de telemóveis e tablets. Comentários como:
“Se não lhe der o telemóvel, ele entretém-se com o quê?”, “Se estiver sem o telemóvel, não consigo fazer nada em casa!”
…são cada vez mais comuns.
A questão essencial
Antes da existência dos dispositivos digitais, as crianças brincavam, criavam, imitavam, exploravam e entretinham-se naturalmente. A tecnologia, embora útil, introduziu comportamentos de dependência que retiram oportunidades fundamentais ao desenvolvimento saudável.
Porque é que o tédio, a criatividade e a brincadeira livre são tão importantes
Os ecrãs oferecem estímulos rápidos e gratificantes. O cérebro habitua-se facilmente a essa recompensa imediata, tornando difícil:
tolerar o tédio
concentrar-se
imaginar
brincar de forma espontânea
socializar
Tudo isto são competências essenciais para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social das crianças.

O grande desafio: promover equilíbrio
O objetivo não é demonizar a tecnologia, mas sim incentivar um uso equilibrado e consciente.
Pais, educadores e profissionais têm um papel fundamental em:
definir limites de tempo
supervisionar conteúdos
promover atividades offline
criar rotinas de sono e alimentação saudáveis
oferecer alternativas reais de entretenimento
Como em tudo, o problema não está na ferramenta, mas no uso que lhe é dado — e na dependência que, por vezes sem percebermos, criamos.


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